A verdade não romantizada sobre a vida de um imigrante
- Karina M.
- 13 de dez. de 2024
- 2 min de leitura
Ser imigrante é um ato de coragem. Mas é uma coragem que, muitas vezes, só quem vive sabe mensurar. Não é sobre postar fotos bonitas em lugares que sempre sonhamos conhecer ou sobre "começar de novo" de maneira leve e inspiradora. É sobre deixar para trás uma parte de quem você é, enquanto tenta construir algo completamente novo.
Você já parou para pensar no quanto é desafiador alguém sair do seu país de origem para viver em um lugar totalmente desconhecido? Um país onde o idioma, muitas vezes, é uma barreira constante (eu mesma, quando deixei o Brasil, não falava nada além de português). Um lugar onde a cultura é diferente, onde o clima pode ser uma surpresa – muitas vezes hostil – e onde até mesmo os hábitos cotidianos precisam ser aprendidos do zero.
Mudar-se para outro país significa abrir mão da sua zona de conforto e mergulhar no desconhecido. Significa encarar rotinas completamente novas, aprender como as coisas funcionam e, ao mesmo tempo, tentar criar laços de amizade em um ambiente onde você ainda não sabe se encaixar. E mesmo quando as conexões começam a surgir, existe sempre aquela questão: será que posso confiar? Será que posso me abrir completamente?
Nem sempre é fácil. Na verdade, tem dias em que tudo o que queremos é um abraço – não de qualquer pessoa, mas daqueles que realmente se importam conosco, que nos conhecem de verdade. Tem dias em que a saudade aperta de um jeito que parece sufocar. Mas aí vem outro desafio: você não pode simplesmente ligar para sua mãe, seu pai ou alguém querido para desabafar. Porque sabe que, do outro lado, eles vão ficar preocupados. E a última coisa que queremos é causar mais preocupação para quem já está longe e não pode ajudar diretamente.
Então, lidamos com esses dias sozinhos. Aprendemos a abraçar a nós mesmos. Aprendemos a ser nosso próprio conforto, nossa própria fortaleza. E mesmo quando a solidão bate mais forte, seguimos em frente, porque sabemos que não podemos – nem queremos – desistir.
Ser imigrante é uma jornada que molda quem você é. É uma mistura de força e vulnerabilidade, de altos e baixos, de orgulho por tudo o que já conquistou e de saudade do que ficou para trás.
É verdade que há beleza nessa experiência. Há algo poderoso em aprender, em crescer, em se reinventar. Mas essa beleza só existe porque é construída sobre a base de muitos sacrifícios, desafios e superações.
Se há algo que aprendi com essa vida é que cada dia, fácil ou difícil, me transforma em alguém mais resiliente, mais consciente, mais capaz de enfrentar o mundo. E, apesar de tudo, ser imigrante me ensinou algo precioso: que não importa onde eu esteja, levo comigo a minha essência e a minha coragem.
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