Mudar é estar aberta ao novo. É um convite constante da vida para nos reinventarmos, seja por escolha ou necessidade. Mas, ainda que a mudança traga consigo uma promessa de algo diferente, ela nunca é completamente fácil. Mesmo aquelas que escolhemos – mudar de emprego, de casa, de cidade, de país, ou até de prioridades – carregam consigo o peso do desconhecido e a necessidade de adaptação.
Eu sei bem como é isso. Já mudei tantas vezes que às vezes perco a conta de quantas vezes precisei me reconstruir. Cada cidade que chamei de lar – Patos, João Pessoa, Natal, Floripa, Copenhagen, Londres e agora Milton Keynes – foi um recomeço. Cada uma me desafiou de maneiras diferentes, me tirou do que eu conhecia e me apresentou a uma nova versão de mim mesma.
Mudar nunca é apenas físico. É emocional, é mental, é uma dança entre o que deixamos para trás e o que estamos dispostos a abraçar. E, muitas vezes, as mudanças mais profundas não são aquelas visíveis. São as mudanças internas – quando decidimos redirecionar nossos sonhos, priorizar nosso bem-estar ou abrir mão de algo que não faz mais sentido.
O que aprendi com cada uma dessas transições é que o tempo é essencial. Adaptar-se leva tempo. Sentir-se em casa em um novo lugar, em uma nova rotina ou em uma nova pele exige paciência e, principalmente, abertura. Nem sempre é confortável. Algumas mudanças vêm acompanhadas de incertezas, de saudades do que ficou para trás, ou até de dúvidas sobre se tomamos a decisão certa.
Mas acredito que, ao nos permitirmos estar abertas ao processo, as coisas começam a fluir. Quando escolhemos acreditar que, naquele momento, fizemos a melhor escolha possível, o caminho se torna menos pesado. Isso não significa que não haverá desafios, mas que podemos experienciar a jornada com um coração mais livre, menos carregado de expectativas rígidas.
Cada mudança que enfrentei me trouxe algo. Algumas me mostraram o quão forte eu posso ser, outras me ensinaram sobre resiliência e desapego. Todas me lembraram que a vida é um fluxo constante, e que nada é fixo – nem os lugares, nem as circunstâncias, nem mesmo quem somos.
Hoje, olho para cada mudança como uma página em branco, pronta para ser escrita. E, mesmo que a incerteza do novo às vezes assuste, escolho seguir em frente, porque sei que é na adaptação, na coragem de continuar, que encontro a versão mais verdadeira de mim mesma.
Mudar é um ato de coragem. É a escolha de continuar crescendo, aprendendo e acreditando que sempre há algo lindo à nossa espera, mesmo que ainda não consigamos enxergá-lo.
E então, sigo mudando – de lugares, de sonhos, de prioridades – mas sempre fiel àquela que nunca tem medo de se reinventar.
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